sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Consumo consciente emagrece.


Metade da população brasileira está acima do peso; aliado à falta de exercícios físicos regulares, o consumo excessivo de alimentos industrializados é uma das causas.

Foto: Instituto Akatu

Estamos nos transformando em um país de gordos e obesos. Há seis anos, 2 em cada 10 brasileiros estavam acima do peso; pesquisa recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia) comprova que hoje já são 93 milhões de pessoas com sobrepeso – metade da população, ou seja, a cada dois brasileiros, um está gordo.

As consequências são conhecidas e formam o fator que mais impacta a saúde pública hoje no país: doenças cardiovasculares – como a hipertensão arterial –, diversos tipos de câncer, diabetes, insuficiência renal, problemas na vesícula, nos joelhos e na coluna.

Além da insuficiência de exercícios físicos regulares, talvez as causas do problema estejam na lista de compras, ou mais precisamente na falta dela.

Especialistas apontam o consumo excessivo de alimentos industrializados como um ingrediente a engordar nossa população. Esses alimentos são justamente os que, na média, apresentam os maiores índices de gordura, calorias e sal.

Praticar o consumo consciente de alimentos implica em:


• programar antes a compra, para não provocar desperdícios;


• ler atentamente rótulos e embalagens, para observar não só preço, marca e data de validade, mas também a composição do alimento;


• optar por alimentos naturais e vindos de perto;


• evitar as gorduras trans;


• preferir alimentos certificados e balancear o carrinho na feira e no supermercado procurando uma alimentação mais saudável e mais sustentável, para o consumidor e sua família.


Além da saúde, essa postura vai beneficiar o seu bolso, a economia do país, a sociedade e o planeta.

“Hoje, diferentemente de 30 anos atrás, boa parte da população, não tem mais aquela figura da mãe que passa o dia na cozinha preparando as refeições caseiras, que em geral, são mais nutritivas”, explica Sílvia Ramos, doutora em nutrição.

“Come-se cada vez mais na rua, onde são oferecidos alimentos processados e com baixo valor nutricional”, alerta a Márcia Alves Keller, nutricionista e coordenadora técnica do curso de pós-graduação em Nutrição Clínica do Centro Educacional São Camilo.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos seis anos, os gastos com a alimentação fora do domicílio, em áreas urbanas, cresceu sete pontos percentuais e hoje representa um terço (33,1%) das despesas das famílias com comida. Na área rural a participação da alimentação fora de casa é de 17,5% hoje; em 2003, era de 13,1%.

Um estilo mais saudável, indica Márcia, consiste basicamente em fazer em torno de cinco refeições diárias, aumentar o consumo de frutas e verduras, diminuir o consumo de gorduras, diminuir o consumo de produtos industrializados e de sal, além de praticar no mínimo 30 minutos de atividade física diária.

Clique aqui para saber mais sobre o sobrepeso e a obesidade no Brasil.

“São números assustadores que refletem a automatização da alimentação, fruto da vida corrida, principalmente nas cidades. É preciso dedicar mais tempo para comermos o que nos faz bem”, alerta a nutricionista.

Para Camila Mello, gerente de Mobilização Comunitária do Instituto Akatu, é neste cenário que surge a importância de se planejar uma alimentação mais saudável no dia-a-dia. “Escolher com atenção que tipos de alimentos vão fazer parte das suas refeições é um primeiro passo”, afirma. “Depois, a dica é sentar para escrever o cardápio da semana, não esquecendo de incluir saladas, verduras, frutas e feijão.”

E, na hora das compras, importante também é descobrir a procedência dos produtos oferecidos. Dar preferência aos produtos orgânicos e àqueles que produzidos em locais mais próximos de onde serão consumidos: além de contribuir para o crescimento da economia local, ajuda a reduzir o transporte no deslocamento, que implica menor queima de combustíveis responsáveis pela emissão de gases causadores do efeito estufa e, portanto, menos impacto no aquecimento global.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), criou o Manual de Orientação ao Consumidor, para estimular os brasileiros a ler e entender os dados veiculados nos rótulos dos alimentos. O manual informa, por exemplo, quais os alimentos que precisam apresentar rótulos, as quantidades limites dos ingredientes para cada tipo de produto, além de uma tabela que faz a conversão das porções apresentadas nos rótulos para medidas caseiras.

Confira também o os Dez Passos Para Uma Alimentação Saudável, criado pelo Ministério da Saúde. O guia orienta os consumidores a fazerem escolhas alimentares saudáveis, além de oferecer dicas de preparo. Nele, há indicações sobre o número ideal de refeições diárias, alimentos que devem ser consumidos diariamente, além de fórmulas que ajudam o consumidor a saber se está com o peso ideal.

Não tendo tempo para preparar refeições todos os dias, vale aproveitar o final de semana para reunir os amigos e oferecer aquele cardápio especial. “Essa convivência pode servir também para ensinar aos filhos as receitas clássicas da família. E mais do que isso, pode-se caprichar na dose e aproveitar as sobras para as marmitas da semana”, revela Mello.

Vale lembrar que consumir consciente não é banir gorduras, doces e frituras, com exceção daqueles que têm indicação do médico. Mas é controlar, reduzir.


Outra dica é consumir o mínimo possível de sal. Todos os alimentos são importantes para o bom funcionamento do organismo, mas é preciso um equilíbrio. “A rigor, não sendo por recomendação médica, deve-se consumir todos os tipos de alimentos, mas de forma equilibrada”, explica a nutricionista Marcia.

Pirâmide alimentar


Outra alternativa simples para incorporar hábitos alimentares saudáveis no seu dia a dia, é ter em casa, para consulta, uma pirâmide alimentar. Ela resume e distribui, em um gráfico bem simples, os vários tipos de alimentos e as proporções que devem ser ingeridas nas refeições.

Imagem: Instituto Akatu

Na base da pirâmide, encontram-se os alimentos que devem ser consumidos em maior quantidade. Assim, à medida que se sobe de nível na pirâmide, a frequência e as quantidades dos alimentos devem ser reduzidas. Abaixo, veja a tabela que faz a conversão de “porções” para medidas caseiras:

Imagem: Instituto Akatu

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Este artigo foi originalmente publicado por Rogério Ferro – Instituto Akatu.



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