Depois de órgão sugerir veto a livro de Monteiro Lobato, academia de letras diz que "formuladores de política" deveriam lê-lo
Depois de o Conselho Nacional da Educação (CNE) emitir parecer contra o livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, a Academia Brasileira de Letras (ABL) respondeu nesta quinta que os "professores e formuladores de política educacional deveriam ler a obra e se familiarizar com ela". Eles repudiaram a decisão e disseram que apelarão ao ministro da Educação, Fernando Haddad, para que ela não entre em vigor. Haddad já havia se antecipado na quarta e pedido ao conselho que refizesse o parecer, pois não vetará o livro.
Para ABL "Caçadas de Pedrinho" faz parte de patrimônio cultural deixado por Monteiro Lobato
O Conselho Nacional de Educação (CNE) emitiu parecer em que afirma que a história tem conteúdo racista principalmente ao tratar de Tia Anastácia.
De acordo com a nota emitida pelos membros da ABL “cabe aos professores orientar os alunos no desenvolvimento de uma leitura crítica. Um bom leitor sabe que tia Anastácia encarna a divindade criadora dentro do Sítio do Picapau Amarelo. Se há quem se refira a ela como ex-escrava e negra, é porque essa era a cor dela e essa era a realidade dos afro-descendentes no Brasil dessa época. Não é um insulto, é a triste constatação de uma vergonhosa realidade histórica”. A ABL sugere ainda que os responsáveis pela educação estimulem uma leitura crítica por parte dos alunos.
Os Acadêmicos afirmam que falta conhecimento da obra por parte dos "professores e formuladores de políticas educacionais". “Então saberiam que esses livros são motivo de orgulho para uma cultura. E que muito poucos personagens de livros infantis pelo mundo afora são dotados da irreverência de Emília ou de sua independência de pensamento.
Raros autores estimulam tanto os leitores a pensar por conta própria quanto Lobato, inclusive para discordar dele. Dispensá-lo sumariamente é um desperdício. A obra de Monteiro Lobato, em sua integridade, faz arte do patrimônio cultural brasileiro e apelamos ao senhor Ministro da Educação no sentido de que se respeite o direito de todo cidadão a esse legado, e que vete a entrada em vigor dessa recomendação.”
Fonte: IG educação.
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