A pedido do nosso amigo e leitor, Laurentino que mora na Bahia, estamos postando hoje, algo interessante sobre os polvos, animais extremamente inteligentes, e que possuem células cerebrais especializadas, parecidas com a dos humanos. A evolução premiou dessa forma, até agora, a classe Cephalopoda, a que pertence esses moluscos marinhos.
Entre os cefalópodes encontram-se os maiores, mais rápidos e mais inteligentes de todos os invertebrados. Podem apresentar tamanho relativamente reduzido, cerca de 2 a 3 cm de comprimento, ou atingir os 16 metros (dos quais 10 correspondem aos tentáculos) ou mesmo mais, das lulas gigantes.
Os cefalópodes primitivos apresentavam concha externa mas actualmente apenas um género a conserva. Os restantes apresentam apenas um vestígio interno, ou perderam-na totalmente.
Aparentemente são um grupo em declínio do ponto de vista evolutivo, consistindo apenas em 660 espécies actuais.
Os cefalópodes (gr. kephale = cabeça + podos = pé) apresentam o pé transformado em tentáculos, oito ou dez, providos de ventosas e que rodeiam a boca. Nos chocos, além dos oito tentáculos vulgares, como nos polvos, existem dois com que capturam as presas, que podem ser projectados com grande rapidez. Nas lulas também existem dois tentáculos especializados na captura de presas mas estes não são retrácteis.
A cabeça destes animais é distinta e apresenta olhos muito eficientes, semelhantes aos dos vertebrados, bem como órgãos dos sentidos químicos e tácteis muito desenvolvidos.
O sistema nervoso é desenvolvido, com maior tendência para a cefalização que os restantes grupos do filo Mollusca. Experiências têm revelado um elevado grau de inteligência nestes animais, considerados os mais evoluídos nesse aspecto nos invertebrados. Os cefalópodes já revelaram ser capazes de resolver problemas e são, inclusivé, capazes de brincar, um comportamento geralmente associado aos mamíferos.
Bico e rádula de lula |
Todos são predadores eficientes, possuindo fortes mandíbulas córneas em forma de bico de papagaio e rádula.
O manto delimita a cavidade paleal, onde se localizam as brânquias.
Muitos, como o polvo, não apresentam concha, enquanto outros apresentam concha interna, pouco desenvolvida e achatada (chocos e lulas).
Nautilus |
Os únicos cefalópodes actuais que apresentam concha externa pertencem ao género Nautilus. Neste género, a concha é enrolada em espiral e formada por câmaras contíguas, vivendo o animal apenas na última, que é a maior. As amonites eram cefalópodes fósseis que também apresentavam concha externa.
Órgãos internos de uma lula |
O sistema circulatório é fechado, ocorrendo toda a circulação sanguínea no interior de vasos. Além do habitual coração dorsal, estes animais apresentam um segundo conjunto de pequenos corações junto das brânquias, o que aumenta grandemente a velocidade de circulação sanguínea nos órgãos respiratórios e, consequentemente, a taxa metabólica.
Os cefalópodes, ao contrário dos restantes moluscos, deslocam-se velozmente, devido a um sistema de propulsão a jacto, usando o seu sifão, facto que não pode ser dissociado do seu eficiente sistema circulatório fechado. Esta situação permite explicar a perda de concha, dado que era necessário libertar o manto desse material rígido para que este pudesse funcionar como bomba de água.
Além de excelentes predadores, são igualmente eficientes na fuga e na camuflagem, devido á sua capacidade de mudar a cor e a textura do seu revestimento, bem como devido à bolsa do ferrado, que produz uma tinta negra que perturba um possível atacante.
Polvo de anéis azuis, com apenas 10 cm de comprimento, pode matar um homem em 15 minutos com a sua picada venenosa |
A mudança de cor e mesmo de textura do corpo pode ser extremamente rápida e está intimamente associada ao sistema nervoso dos cefalópodes. A inervação selectiva de células especiais da pele - cromatóforos - origina um padrão de manchas, que ao olho humano resulta em alterações bruscas de pigmentação.
Geralmente a pele do cefalópode é translúcida e apresenta uma camada profunda de células brancas reflectoras, designadas leucóforos. Os cromatóforos localizam-se acima dessa camada e contêm pigmentos amarelos, vermelhos e negros. Outras tonalidades, como o verde e o azul iridiscentes devem-se a outro tipo de célula, os iridóforos.
Cada cromatóforo é controlado por células musculares, por sua vez controladas por nervos ligados directamente ao cérebro. Assim, contraindo ou relaxando essas células musculares, o cefalópode pode variar o tamanho do cromatóforo e a intensidade da cor que este revela à vista desarmada. Cada tipo de cromatóforo é controlado por diferentes nervos, pelo que o animal pode controlar cada pigmento separadamente.
Os cefalópodes têm os sexos separados, a fecundação é interna e formam ovos ricos em vitelo, dos quais emergem jovens por desenvolvimento directo.
O acasalamento é procedido de rituais complexos, geralmente envolvendo brilhantes demonstrações de cor e luz (algumas espécies são bioluminescentes).
Polvos saindo do ovo |
Os machos apresentam um braço especializado - hectocótilo - na transferência de um saco de esperma - espermatóforo - para o corpo da fêmea. O hectocótilo é facilmente identificado pois não tem ventosas na extremidade. Após a transferência de esperma o casal separa-se e a fêmea irá, então, fecundar os seus óvulos quando mais lhe convier. Em polvos a fêmea pode armazenar o espermatóforo no interior da cavidade paleal durante dois meses, até encontrar um local adequado para depositar os ovos.
Geralmente existe algum grau de cuidados parentais, especialmente entre os polvos. As fêmeas colocam os ovos numa pequena cova, que guardam durante desde algumas semanas até 8 meses, dependendo da temperatura da água. Não se alimentam durante esse período, morrendo pouco depois que os jovens nascem.
Em lulas é igualmente frequente os progenitores morrerem imediatamente após o acasalamento, deixando os ovos envoltos em finas membranas ancorados no fundo arenosos do oceano.
Fonte; Simbiotica.org
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