Não é só o Brasil que tem sofrido com uma epidemia de dengue. Cada vez mais, a doença preocupa as autoridades do sudeste da Ásia, mais precisamente na Tailândia, que já apresenta um número elevado de casos. Só no primeiro trimestre deste ano, um total de 7.413 pessoas foram infectadas, com sete mortes registradas. A última grande epidemia de dengue no país, que acontecera há uma década, contabilizou 129.954 casos, com 424 mortos.
O recente “boom” da doença na região, especialmente sob a forma da fatal febre hemorrágica, sua variante mais perigosa, tem motivado a crescente corrida de combate à doença no país, inclusive com a pesquisa de vacinas que enfrentem as quatro variantes do vírus transmitidas pelo mosquito “Aedes aegypti”.
Mas enquanto a fórmula do sucesso ainda soa distante, a Tailândia não perde tempo. Entre 15 e 17 de outubro, a cidade de Phuket aproveitou para sediar a Segunda Conferência Internacional de Dengue e Dengue Hemorrágica, cujo tema não poderia ser mais apropriado: “Inovação Global na Luta Contra Dengue”.
O encontro reuniu 800 participantes de todo o mundo, imersos em palestras de autoridades, sessões plenárias e simpósios, incluindo palestrantes convidados, sessões orais e de pôster, e exibições comerciais e científicas. Entre os principais tópicos foram discutidos patofisiologia, diagnose, gerenciamento clínico, monitoramento epidemiológico, aspectos laboratoriais, biologia do vetor, ecologia e controle.
O evento, que contou com representantes brasileiros, serviu como um fórum para troca de informações, experiências práticas, novas habilidades e técnicas, além da conceitualização e integração de abordagens para prevenção e controle da doença.
Em entrevista ao portal RIO CONTRA DENGUE, uma das participantes da conferência, a superintendente municipal de Vigilância em Saúde do Rio de Janeiro, Meri Baran, descortinou alguns tópicos dos debates, e ainda apresentou o tema de sua apresentação: uma breve contextualização da atual situação da dengue na cidade. Confira a íntegra da entrevista.
RIO CONTRA DENGUE (RCD) - Em que sentido as discussões podem apontar para o controle da dengue no mundo?
Meri Baran - O encontro foi muito importante, pois teve a participação de estudiosos da dengue de renome internacional e uma grande participação de países que sofrem com a dengue através de apresentações orais e pôsteres. O mais importante foi a oportunidade de observar as estratégias que cada país, cidade ou estado utiliza para fazer frente à dengue, e as novidades em relação a vacinas, drogas antivirais, estudos genéticos para modificações do mosquito e outros.
RCD - Como as medidas discutidas podem ser aplicadas na prática?
Meri Baran - Na verdade, a maioria dos países presentes na conferência encontra-se num estágio muito semelhante ao nosso. As dificuldades giram em torno do armazenamento de água, do lixo, boa parte deles em situações mais problemáticas do que a da nossa cidade. Foi muito enfatizada, inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a questão educativa, as questões de decisão política e de saneamento básico. As vacinas ainda estão num estágio que não oferecem segurança para uso e devem demorar mais de cinco anos para serem liberadas, bem como os estudos com drogas antivirais e mosquitos transgênicos.
RCD - Em que consiste o trabalho que a senhora apresentou na conferência?
Meri Baran - O trabalho que apresentamos tem o título de "Mudança das características da dengue na Cidade do Rio de Janeiro" e mostra o comportamento da doença em nossa cidade, que se modificou com a reintrodução do vírus 2. Este vírus circulou aqui na década de 90 e após 2002 não foi mais identificado, pois predominou neste período o vírus 3. Quando uma pessoa faz uma infecção seqüencial por 2 tipos de vírus, a tendência é que ela desenvolva formas graves, e foi isto que aconteceu, principalmente com os menores de 14 anos. O trabalho mostra o risco aumentado de hospitalização e de morte nesta faixa etária, se comparada com a faixa de maiores de 14 anos. O estudo indica a necessidade de investir no cuidado pediátrico incluindo capacitação e infra-estrutura para atendimento a casos graves, já que este padrão parece se desenhar no Brasil. Outro trabalho apresentado pela equipe da Universidade Federal da Bahia também fala dessa mudança de padrão no Brasil mostrando a ocorrência de casos graves em menores de 14 anos na região do nordeste no início de 2007, principalmente no estado do Maranhão.
RCD - Como percebe a situação da dengue no Brasil hoje e quais as perspectivas?
Meri Baran - A situação da dengue no Brasil, como em todo o mundo que vive sob o clima tropical, é de expansão. A urbanização acelerada, a falta de infra-estrutura, de serviços básicos, a dificuldade de se continuar utilizando inseticidas, pois tem sido observada a resistência dos mosquitos aos mesmos, a dificuldade de mobilização popular efetiva e a mudança de hábitos, nos levam a ter que conviver com esta doença e a procurar, o tempo todo, mecanismos de controle, até que venham ações efetivas como vacinas, mutações de mosquitos, entre outros.
A organização do evento foi do Ministério da Saúde Pública da Tailândia, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Clique aqui para conhecer o site oficial do evento.
Fonte: Site Rio Contra Dengue/Nossa Opinião: Biólogo Carlos Simas
Nossa Opinião: Gostaríamos de acreditar piamente em resultados práticos desses encontros antigos e eternos que depois dos mesmos, é necessário tomadas de decisões na esfera política e aí vem sempre a politicagem em detrimento do interesse público. De coração, gostaria de escrever para vocês algo diferente, positivo, mas seria enganá-los, para agradá-los, fazer cócegas em seus ouvidos, o que não condiz com o perfil verdadeiro deste Biólogo. Vou citar apenas um exemplo simples do que estamos afirmando: Os governos municipais e eventualmente seus agentes com cargos de confiança, como a Senhora Superintendente, Meri Baran, que não o obtiveram êxito nas eleições municipais, não estão saindo em 31 de dezembro? Então se desejassem a coisa verdadeira, a responsabilidade, por colocar em prática tudo que rolou no evento, não deveria ser técnica? Acho que o responsável deveria ser um técnico de carreira, que vá continuar nos quadros, para a prevenção à dengue, independentemente de eleições. Infelizmente, na maioria das vezes, na maior parte dos municípios, se não em todos, não é assim, por quê? Quem está prefeito do Rio de Janeiro, a partir de 1º de Janeiro é Eduardo Paes, provavelmente têm outro (a) superintendente, político da sua equipe e aí a banda toca da forma mais conveniente politicamente. Poderia usar todo nosso blog nesse assunto, mas vocês, nossos leitores, são inteligentes, portanto, estamos cansados de saber que pensam que nos enganam! Leu sobre a Organização Mundial de Saúde (OMS) enfatizar para o controle da Dengue, educação, água potável, recolhimento eficaz de lixo, enfim, saneamento básico, tudo que falamos sempre aqui? Enfim, é algo relativamente fácil de fazer dentro do município, basta “Querer e ter as pessoas certas"! Pra não dizer, que não falei das flores, Senhores prefeitos eleitos, tomem a iniciativa de enviar às suas bases na câmara, PL , criando "O dia do voluntário no Combate à Dengue" em seu município. Isso implementará maior consciência para a prevenção a doença em seu município. É o que mais precisamos agora, além é claro, de medidas práticas e urgentes!
COMO IDENTIFICAR E ELIMINAR OS FOCOS do Aedes aegypti:
Atitudes simples podem impedir a criação de focos do mosquito Aedes aegypti na sua casa ou no seu trabalho. Confira as principais maneiras de se prevenir:
- Encha de areia até a borda os pratinhos de vasos de plantas;
- Lave semanalmente por dentro, com escovas e sabão, os tanques utilizados para armazenar água;
- Jogue no lixo todo objeto que possa acumular água, como embalagens usadas, potes, latas, copos, garrafas vazias, etc.;
- Mantenha bem tampados tonéis e barris d'água;
- Lave, principalmente por dentro, com escova e sabão os utensílios usados para guardar água em casa, como jarras, garrafas, potes, baldes, etc.;
- Mantenha a caixa d'água sempre fechada com tampa adequada;
- Evite ter bromélias em casa. Substitua-as por outras plantas que não acumulem água. Se preferir mantê-las, é indispensável tratá-las com água sanitária na proporção de uma colher de sopa para um litro de água, regando, no mínimo, duas vezes por semana. Tire sempre a água acumulada nas folhas;
- Mantenha o saco de lixo bem fechado e fora do alcance de animais até o recolhimento pelo serviço de limpeza urbana;
- Não jogue lixo em terrenos baldios;
- Entregue seus pneus velhos ao serviço de limpeza urbana ou guarde-os sem água em local coberto e abrigados da chuva;
- Guarde as garrafas vazias sempre de cabeça para baixo e em local coberto;
- Não deixe a água da chuva acumulada sobre a laje;
- Remova folhas, galhos e tudo que possa impedir a água de correr pelas calhas;
- Lave bem os suportes de garrafões de água mineral sempre que trocar os garrafões;
- Verifique se as bandejas de ar condicionado não estão com acúmulo de água;
- Deixa a tampa dos vasos sanitários fechadas. Em banheiros pouco usados, dê descarga uma vez por semana. Use água sanitária com freqüência em qualquer grande reserva de água sem consumo humano.
- Verifique se há entupimento nos ralos e se não for utilizá-los, mantenha-os vedados.
- Cacos de vidro no muro. Coloque areia ou cimento em todos aqueles que podem acumular água.
E finalmente, se tiver sintomas da dengue, como febre alta, dor nas juntas, dor no fundo dos olhos, perda de apetite, manchas na pele, não se auto medique, procure urgente o posto de saúde mais perto da sua residência, para diagnóstico e eventual correto tratamento.