quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Abelhão/Mamangava.

Estamos publicando resposta, à uma leitora do nosso blog, que leu a matéria, "Acidentes com Abelhas", mas que eventualmente, ajudará muitas pessoas por esse Brasil (e até mundo) afora. Beijos à todos!

Inicialmente, desejo agradecer pelo carinho e confiança em meu trabalho. Quero dizer também, que você deve voltar ao médico e verificar o quadro atual da sua saúde, pois, imagino que houve uma reação alérgica muito forte.(pode durar vários dias). As características são de picadas de mamangava(abelhão), por isso, lhe informo abaixo biologia (características),acidentes e tratamento envolvendo esses insetos. O antialérgico receitado está corretíssimo, não sei o motivo pelo qual, seu médico lhe receitou antibiótico, que normalmente, são usados para combater infecções e não resposta imune, causando processo inflamatório.(imagino ser seu caso). De qualquer forma, com o tratamento adequado você ficará bem. Um beijo(extensivo à família) e conte sempre com o amigo, Biólogo Carlos Simas.

As mamangavas são também conhecidas por mamangaba, mangangá, mangava, mangaba, abelhão, bombolini, vespa-de-rodeio, vespão.

São abelhas solitárias ou sociais de tamanho grande e bastante peludas. Pertencem a várias famílias e os gêneros mais comuns são Bombus, Eulaema, Centris, Xylocopa e Epicharis. A maioria é preta e amarela e quando voam emitem um zumbido alto. As mamangavas são polinizadoras importantes e contribuem para a manutenção de muitas espécies de plantas nativas.

As mamangavas raramente picam, a não ser que as seguremos com as mãos. Apesar de terem o tamanho avantajado são extremamente dóceis, possibilitando que as observemos coletando o néctar e pólen das flores.

Seus ninhos são encontrados no solo ou em ocos de árvores e em algumas épocas do ano as mamangavas são observadas em grande quantidade.

Como são nativas e de grande importância nos ecossistemas a Lei no 5197, de 03/01/67, Lei de Proteção à Fauna estabelece a proibição da sua utilização, perseguição , destruição, caça, ou apanha.

ACIDENTES POR ABELHAS, VESPAS E FORMIGAS
A incidência de acidentes por Himenópteros é desconhecida, pertencem à ordem Himenóptera os únicos insetos que possuem ferrões verdadeiros, com três famílias de importância médica: Apidae (abelhas e mamangavas), Vespidae (vespa amarela, vespão e marimbondo) e Formicidae (formigas). Reações alérgicas ocorrem mais em adultos e nos profissionais expostos. Acidentes graves e mortes pela picada de abelhas Apidae - Abelhasafricanizadas deve-se não pela diferença de composição de veneno, mas pela maior agressividade dessa espécie (ataques maciços).

Abelha












Apidae - mamangavas






Vespidae (vespa amarela, vespão(marimbondo) e Formicidae (formigas)
















Dentre as espécies que utilizam o aparelho de ferroar, há as que apresentam autotomia (auto-amputação) ou seja, quando ferroam perdem o ferrão e espécies que não apresentam autotomia, estas utilizam o aparelho de ferroar várias vezes. As que fazem autotomia geralmente injetam maior quantidade de veneno e morrem após a ferroada pela perda do aparelho e parte das estruturas do abdômen.

Ações do Veneno: O veneno é composto por uma mistura complexa de substâncias químicas como peptídeos, enzimas e aminas biogênicas, que apresentam atividades farmacológicas e alérgicas. Os fatores alergênicos são enzimas como fosfolipases, hialuronidases, lipases e fosfotases, proteínas antigênicas que inoculadas durante a ferroada, iniciam respostas imunes responsáveis pela hipersensibilidade de alguns indivíduos e pelo início da reação alérgica. São agentes bloqueadores neuromusculares e possuem poderosa ação hemolítica, além de propriedades antiarrítmicas.

Quadro Clínico: As manifestações clínicas que podem ocorrer são muito variadas, podendo ser classificadas em: Alérgicas – desencadeadas até por uma picada; Tóxicas – quando centenas de picadas levam a uma Síndrome de Envenenamento, pacientes devem ser mantidos em UTI.

Manifestações Locais: dor aguda local, que tende a desaparecer espontaneamente, vermelhidão, prurido e edema por várias horas ou dias.

Manifestações Regionais: eritema, prurido, edema flogístico evolui para enduração local que aumenta em 24-48h, diminuindo nos dias subseqüentes.

Manifestações Sistêmicas: anafilaxia com início rápido (2-3min após picada). Cefaléia, vertigem e calafrios, agitação psicomotora, sensação de opressão torácica e outros sinais e sintomas tegumentares, respiratórios, digestivos, cárdio-circulatórios. Há relatos de manifestações alérgicas tardias.

Tratamento:
Remoção dos Ferrões: Nos acidentes causados por enxame, a retirada dos ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâmina e não pelo pinçamento de cada um deles, pois a compressão poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e inocular no paciente o veneno ainda existente.

Dor: Quando necessária, a analgesia poderá ser feita pela Dipirona, via parenteral.

Reações Alérgicas: O tratamento de escolha para as reações anafiláticas é a administração subcutânea de solução aquosa de adrenalina 1:1000, iniciando-se com a dose de 0,5ml, repetida duas vezes em intervalos de 10 minutos para adultos, se necessário. Em crianças, usa-se inicialmente 0,01ml/Kg/dose, podendo ser repetida 2 a 3 vezes, com intervalos de 30 minutos, desde que não haja aumento exagerado da freqüência cardíaca.

Os glicocorticóides e anti-histamínicos não controlam as reações graves (urticária gigante, edema de glote, broncoespasmo e choque), mas podem reduzir a duração e intensidade dessas manifestações.

Para o alívio de reações alérgicas tegumentares, indica-se o uso tópico de corticóides e anti-histamínicos por via oral.

Manifestações respiratórias asmatiformes, devido à broncoespasmo, podem ser controladas com oxigênio nasal, inalações e broncodilatadores.

Medidas Gerais de Suporte: Manutenção das condições vitais e do equilíbrio ácido-básico. Como o choque anafilático, a insuficiência respiratória e a insuficiência renal aguda devem ser abordadas de ma
neira rápida e vigorosa.

Fonte: Site SES Paraná/Adaptações/Informações Biólogo Carlos Simas.


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