|
A HISTÓRIA DA DENGUE
A dengue não é uma doença nova, ela já vem sendo combatida no mundo desde o final do século XVIII, tendo seus primeiros casos conhecidos no Sudoeste Asiático, em Java, e nos Estados Unidos, na Filadélfia. Entretanto, apenas no século XX a Organização Mundial da Saúde (OMS) a reconheceu como doença.
O termo "dengue" vem do espanhol e que dizer "melindre", "manha". A palavra se refere ao estado de moleza e cansaço em que fica a pessoa infectada pelo mosquito. A transmissão da doença ocorre pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti infectada, uma espécie de mosquito de origem africana que chegou ao continente americano na época da colonização.
Os casos de febre hemorrágica começaram a aparecer na década de 50, nas Filipinas e na Tailândia. Nos anos 60, as Américas começaram a sofrer mais com a doença.
Os sorotipos:
Com o passar dos anos, pesquisadores identificaram vários sorotipos da doença, numerados de
O sorotipo 2, descoberto em Cuba, foi o responsável pelo primeiro surto de febre hemorrágica fora do Sudoeste Asiático e Pacifico Ocidental. O segundo surto foi registrado na Venezuela, em 1989.
O Aedes aegypti no Brasil
Muito provavelmente, o Aedes aegypti chegou ao Brasil através dos navios negreiros. Após o trabalho de erradicação da febre amarela realizada no início do século passado, o Aedes aegypti chegou a ser dado como erradicado durante a Era Vargas, inclusive tendo sido concedidos ao Brasil certificados de observadores estrangeiros constatando que o país estava livre desta "praga".
Mas a erradicação não durou muito. Com o processo de industrialização e urbanização acelerada do país durante os anos 40 e 50, surgiram novos criadouros para os mosquitos como, por exemplo, pneus e ferros velhos, disseminados pela indústria automobilística. Então, em 1967, o Aedes aegypti foi detectado em Belém (provavelmente trazido em pneus contrabandeados do Caribe). Em 1974, o mosquito já infestava Salvador, chegando ao Estado do Rio de Janeiro no final da década de 70.
Em 1986, dados assustadores foram registrados:
Dengue no Brasil:
Acredita-se que a primeira epidemia de dengue tenha ocorrido no Brasil em 1916,
Somente no começo da década de 80, entre os anos de 1981 e 1982,
A partir de 1986, várias epidemias atingiram o Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo de forma continuada.
MITOS E ERROS SOBRE A DOENÇA
1 - A DENGUE NÃO TEM TRATAMENTO - MENTIRA!
Esta é uma afirmativa que é tantas vezes repetida (inclusive em publicações internacionais) que muita gente pensa realmente que é verdade. Embora não exista antiviral capaz de reduzir a presença do vírus no sangue ou bloquear os mecanismos fisiopatológicos que conduzem ao choque e às hemorragias, isso não significa que a doença não possa ser combatida.
A falta do antiviral pode ser compensada pela aplicação de um conjunto de conhecimentos que classificam o paciente de acordo com seus sintomas e a fase da doença, permitindo assim reconhecer precocemente os sinais de alerta, iniciando a tempo o tratamento adequado.
2 - AS FORMAS GRAVES DA DENGUE SÓ OCORREM
3 - PACIENTES COM DENGUE TIPO CLÁSSICO NÃO TÊM COMPLICAÇÕES - MENTIRA!
Não é apenas a dengue do tipo hemorrágico que pode causar complicações aos pacientes. À dengue clássica também podem se juntar (até mesmo com certa freqüência) alterações das funções hepáticas, miocardite, e outras cardiopatias, assim como problemas neurológicos, resultados do comprometimento do sistema nervoso central.
Durante uma epidemia qualquer um com suspeita da doença deve buscar orientação médica e ficar em observação durante o período febril até, pelo menos, 48 horas depois.
4 – NÃO HÁ NECESSIDADE DE VIGIAR OS SINAIS DA DENGUE APÓS O PERÍODO FEBRIL - MENTIRA!
É um erro pensar que as complicações da dengue surgem durante o pico da febre. Na verdade o período crítico coincide com a baixa da febre, quando pode ser constatada a hemoconcentração, com o surgimento dos derrames cavitários resultantes do extravasamento plasmático, com graves conseqüências clínicas. Posteriormente podem aparecer hipotensão arterial, baixo débito cardíaco, taquicardia, pulso fino e rápido, cianose periférica e choque. Isso pode ser evitado, caso o doente fique em observação clínica, especialmente no período após a queda da febre.
5 – A PREVENÇÃO À DENGUE DEVE SER FEITA APENAS:
- Na erradicação de focos do mosquito
- No tratamento aos pacientes com a dengue do tipo clássico
MENTIRA!
O trabalho de combate à dengue é muito mais extenso e pede a participação de toda a sociedade. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta, que durante as epidemias, o trabalho dos postos de saúde informando os pacientes e seus familiares sobre hidratação oral, medicamentos proibidos e, principalmente, sobre como identificar os sinais de alerta indicativos do agravamento da doença, são de grande importância para conter os surtos.
O trabalho dos médicos em postos de saúde permite também identificar precocemente casos que poderiam evoluir para formas mais graves da doença. O diagnóstico e o tratamento precoces podem salvar vidas.
6 - PARA EVITAR A MORTE POR DENGUE É NECESSÁRIA TRANSFUSÃO DE SANGUE EM ABUNDÂNCIA - MENTIRA!
Se os sintomas da doença forem tratados precocemente e de maneira adequada, serão poucos os casos de hemorragia da dengue que necessitarão de transfusão de concentrado de hemácias ou sangue total. Com relação às plaquetas, o vírus da dengue produz anticorpos contra as mesmas, de modo que a transfusão, em teoria, é inútil, já que as plaquetas transfundidas serão destruídas. Entretanto, quando há menos de 50 000 plaquetas/m3 de sangue e presença de sangramento, a transfusão de concentrado de plaquetas está indicada.
7 - PARA EVITAR A MORTE POR DENGUE SÃO NECESSÁRIOS RECURSOS MÉDICOS AVANÇADOS - MENTIRA!
Na maior parte dos casos, o acesso a recursos médicos avançados é dispensável. O que é preciso mesmo é um serviço de saúde organizado e atuante, pessoas preparadas, condições mínimas de hidratação oral e venosa, comunicação eficiente, etc.
Somente nas formas mais graves, poderão ser necessários exames de tomografia computadorizada, ultra-sonografia, técnicas de isolamento viral e outras tecnologias que, talvez atualmente, devam ser consideradas mais como recursos de rotina do que como recursos avançados.
Fonte: SES/Rj, com pequenas adaptações realizadas pelo Biólogo Ambiental Carlos Simas.
Nossa opinião: Antes de mais nada, quero agradecer as radialistas Neuza e Elaine Moraes, pois a convite de ambas, estive esta manhã, mais uma vez, nos estúdios de Búzios, da Rádio Búzios Cabo Frio, 1530 Am, "Programa Búzios em Foco" e abordamos vários assuntos relacionados à matéria que publicamos acima. Acreditamos que conhecimento é poder e podemos transformar nossa sociedade, numa realidade melhor para todos, quando compartilhamos conhecimentos. Um beijo à todos. Estamos juntos!
Nenhum comentário:
Postar um comentário